0O que é
Reconstrucionismo? E Teonomia?
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Por R.C. Sproul
Tal como ‘calvinismo’
e ‘teologia reformada’, estes dois termos (‘reconstrucionismo’ e ‘teonomia’)
são volta e meia usados como sinônimos. Porém, é melhor entendê-los,
respectivamente, como gênero e espécie. Ou seja: adesão ao calvinismo é uma
parte do que significa ser um reformado mas não é a coisa completa. De forma
similar, pode-se sugerir que teonomia é parte do conjunto mais amplo de
convicções denominado de ‘reconstrucionismo’. Teonomia pode ser entendida como
a persuasão de que a lei civil que Deus deu a Israel no Antigo Testamento
também deveria ser a lei corrente em todas as nações do mundo.
Já o
reconstrucionismo, caso não seja visto como um mero sinônimo, abrange, além de
convicções teonômicas, uma escatologia otimista: a convicção de que o reino de
Deus está crescendo e, antes do retorno de Cristo, cobrirá o mundo como as
águas cobrem o mar. Teonomia também inclui, em grande parte, um compromisso com
a apologética (defesa da fé) vantiliana (isto é, de Van Til), também conhecida
como ‘pressuposicionalista’. Tal perspectiva sugere, dependendo de quem a
defende, que devemos pressupor a existência de Deus no intuito de provar a Sua
existência, ou então que é impossível e perverso tentar provar a Sua existência
(e, assim deveríamos simplesmente a pressupor). Outras pessoas acrescentam
ainda mais detalhes ao definir o reconstrucionismo (por exemplo, a teologia do
pacto), mas estes quatro (calvinista na teologia, teonômico na ética, otimista
na escatologia e pressuposicional na apologética) são os principais elementos.
Há dois pontos
importantes. Primeiro, independente de se adotar a teonomia ou não, todos nós
cristãos deveríamos ser teonomistas de alguma forma. Meus amigos teonomistas
sempre propõem duas alternativas: “autonomia ou teonomia!”, eles dizem. E,
obviamente, estão corretíssimos. Nós teremos ou a lei humana ou a lei divina, e
somente um néscio prefiriria os homens a Deus. A questão, então, se
corretamente entendida, não é se devemos ter a lei que Deus quer que tenhamos.
A questão, pelo contrário, é a respeito de qual lei Deus quer que nós tenhamos.
Será que Deus deu a lei civil (isto é, a lei que diz respeito ao governo) a
Israel como um paradigma ou padrão para a legislação ideal de qualquer Estado?
A Confissão de
Westminster nos convoca a adotar o que os teólogos na época chamavam de
‘equidade geral’ da lei. Isto é, embora haja princípios fundamentais da justiça
de Deus em operação na instituição da lei civil do Antigo Testamento, talvez
seja necessário dar os ajustes apropriados e levar em conta que o nosso
contexto é diferente daquele. Um exemplo comum é o seguinte: no Israel do Antigo
Testamento, os proprietários de imóveis tinham que ter cercas nos seus
telhados. Tal lei faria pouco sentido nos nossos dias, pois não temos o hábito
de passar o tempo em cima das nossas casas. A ‘equidade geral’ sugere que o
objetivo desta regra é a segurança física dos familiares e dos eventuais
hóspedes. Assim, pode-se dizer que os proprietários modernos deveriam ter
‘cercas’ nas suas piscinas. Uma medida para o seu nível de proximidade em
relação à teonomia como ideologia é refletido na precisão da sua aplicação
dessa ‘equidade geral’.
Em segundo lugar,
cuidado! Não dê ouvidos àqueles críticos que não entendem coisa alguma de
teonomia ou de reconstrução. Aqueles de esquerda (teológica e politicamente)
gostam de retratar os teonomistas e reconstrucionistas, herdeiros dos
puritanos, como se fossem ‘jihadistas evangélicos’ do inferno que desejam impor
um regime fascista calvinista sobre o resto do mundo. Isso é uma calúnia sem
par! Os teonomistas, bem como o resto de nós cristãos, querem ver justiça no âmbito
político. Eles querem ver as nações serem disciplinadas. Eles querem que o
reino se manifeste. Eles querem ver todo joelho se dobrar e toda língua
confessar que Jesus Cristo é Senhor. E quem é que, estando em Seu reino,
poderia desejar outra coisa?
Fonte: Ligonier Ministries
Tradução: Lucas G.
Freire
Via: Monergismo