OSÉ, O PAI TERRENO DE JESUS – UM HOMEM DE CARÁTER
2º Trimestre/2017
Texto Base: Mateus 1:18-25
"E José, despertando do sonho, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher" (Mt.1:24).
INTRODUÇÃO
Na sequência do estudo de personagens bíblicas que nos ensinam o caráter do cristão, estudaremos José, pai adotivo de Jesus, homem dotado de um caráter justo, temperante e amoroso. Os moradores de Nazaré o conhecia como carpinteiro (Mt.13:55), todavia, Deus o adotou para exercer a ímpar e sublime missão de ser o pai adotivo do Seu Filho Jesus. Esta missão foi exposta a ele num momento de grande decisão, quando intentou deixar Maria, que estava desposada com ele, por estar grávida. José não teve uma revelação direta da parte de Deus que ele seria o pai adotivo do Messias, a mensagem foi direcionada diretamente e pessoalmente a Maria, que viu e ouviu do anjo Gabriel que seria a mãe do Messias, o Salvador. Só quando planejou deixar Maria, o Senhor falou com ele em sonhos e José demonstrou ter fé e comunhão com Deus, pois não teve dificuldades em discernir que não se tratava de um sonho comum, mas era a voz de Deus e a sua revelação divina a respeito daquele que seria o Messias, que tanto Israel, e por que não dizer a humanidade, esperava. Ele foi um homem obediente a Deus, de caráter humilde, submisso e amoroso, e partícipe do plano salvífico de Deus.
I. JOSÉ, O PAI ADOTIVO DE JESUS
1. Quem era José? Na Bíblia não encontramos muitas informações a respeito dele, todavia, teve um papel importante no plano de redenção divina. Analisando os textos bíblicos a respeito de José, podemos ver que ele era um homem simples, humilde, e conhecido no meio de sua comunidade por causa de sua profissão de carpinteiro. Ele entrou na genealogia de Jesus, contribuindo para o cumprimento das profecias, que indicavam que o Messias viria da descendência de Davi. Disse Deus a Davi: “Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então, farei levantar depois de ti a tua semente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre” (2Sm.7:12,16).
Lucas 2:4 confirma que José era da tribo de Judá, a mesma do rei Davi. Se José era da tribo de Judá, porque emigrou da Judeia, terra dos seus antepassados, onde poderia morar livremente, para a Galileia, território de outra tribo, onde ele não poderia possuir propriedades? A Bíblia não explica, mas conjectura-se que foi por causa de sua profissão de carpinteiro. Na Judeia não havia matéria prima para o exercício de sua profissão. Um carpinteiro necessita de madeira para trabalhar. Nos nossos dias, basta ir a algum fornecedor de material e comprar a madeira ou telefonar a uma serraria que umas horas depois está na sua oficina um caminhão com o carregamento da madeira indicada, já serrada em tábuas, seca na estufa e pronta a ser trabalhada. Mas José viveu numa época bem diferente. Ele tinha de montar a sua oficina não muito longe duma floresta onde houvesse árvores que pudessem fornecer boa madeira.
A Bíblia nada registra sobre o final da vida de José. A última participação de José é mencionada no evento dos Evangelhos relacionado com a visita feita à festa anual em Jerusalém, quando Jesus tinha 12 anos de idade (Lc.2:41-52). Ele não foi incluído com Maria e seus filhos em Mateus 12:46-50. Embora João 6:42 possa indicar que José ainda tivesse vivo durante parte do ministério de Jesus, José não aparece na crucificação quando Jesus entregou sua mãe aos cuidados do apóstolo João (João 19:26,27); portanto, podemos concluir que José havia morrido antes desse acontecimento.
2. Pai adotivo de Jesus. Jesus era conhecido no meio do povo judeu como “filho de José” (João 1:45 e 6:42) e “filho do carpinteiro” (Mt.13:55). Certamente, Deus escolheu um homem íntegro para fazer parte da vida de seu Filho. José sabia que Jesus não era seu filho fisicamente, visto que Jesus foi gerado pela ação sobrenatural do Espírito Santo, no útero de Maria (Lc.1:35), mas José, como um verdadeiro pai, amou Jesus como um filho. Ele é também chamado de "pai-guardião" de Jesus. De seu pai adotivo, Jesus herdou o título de “carpinteiro” (Mc.6:33) por ter aprendido sua profissão.
O fato de Deus ter escolhido José para ser o “pai-guardião” de Jesus é de suma importância, pois José era "da casa e família de Davi" (Lc.2:4). Segundo Elinaldo Renovato, “perante a lei, José era o pai de Jesus, incluindo-o na ascendência de sua família e também na ascendência de Maria, conforme o registro de Lucas (Lc.3:23-38). Dessa forma, ele garantiu a confirmação de Jesus na descendência real de Davi e da tribo de Judá. Mateus registra a arvore genealógica de Jesus a partir da descendência de Davi, por meio de Natã, seu filho (Lc.1:27; 3:31), visto que o rei Jeoaquim, filho de Josias, da casa de Davi, em Judá, sofreu terrível maldição de que nenhum descendente dele se assentaria no trono de Davi” (cf. Jr.22:28-30).
3. José, um sonhador obediente. Ao saber da gravidez de Maria, José pensou em deixá-la secretamente para não a infamar. Diz assim Mateus 1:19: “José, seu esposo, sendo justo, e não querendo denunciá-la publicamente, resolveu repudiá-la em segredo”. José não quis acusar Maria de infidelidade e resolveu deixá-la em segredo. Nem sabemos se terá exigido do pai de Maria a devolução do que lhe teria pago, como era tradição entre os judeus. Penso que esta atitude não nos mostra um homem justo, muito menos se pensarmos no que era o homem justo nessa cultura. Eu preferia chamar-lhe de homem pacífico, conciliador, um homem bom, que preferiu ficar prejudicado a apelar para a justiça a que tinha direito. No contexto cultural veterotestamentário, justo era o que praticava a justiça de acordo com a Lei Mosaica. Se José apelasse para a justiça segundo a lei de Moisés, Maria seria condenada à morte por apedrejamento se não houvesse alguma intervenção das autoridades romanas para impedir tal execução, pois viviam numa época em que a aplicação da lei Mosaica tinha algumas limitações impostas por Roma.
Deus teve que intervir, pois José tinha sido escolhido por Ele para ser o pai adotivo de Jesus. Deus lhe deu um sonho tranquilizador para que não saísse do seu lugar. Diz o texto sagrado: “E, projetando ele isso, eis que, em sonho, lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo. E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de JESUS, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt.1:20,21). Prontamente José obedeceu à voz de Deus e não concretizou seu desejo de fugir às escondidas para não sofrer as consequências da gravidez inesperada de sua noiva.
II. O CARÁTER EXEMPLAR DE JOSÉ
Deus não ia escolher um homem qualquer para ser o “pai-guardião” de Seu Filho Jesus. Deus escolheu José porque ele era um homem de caráter exemplar. A seguir, algumas qualidades do caráter de José.
1. Um homem temente a Deus. Ser temente a Deus é ter uma vida de oração, é ser submisso em tudo à vontade de Deus. Ser temente a Deus não é ter medo de Deus, mas demonstrar um amor profundo por Ele. José tinha uma vida de oração e levava sua família ao templo todos os anos na páscoa (Lc.2:41). Por ser tão temente, o Senhor o visitou em sonho três vezes para orientar o seu futuro. Primeiro, sonhou com um anjo lhe dizendo para assumir a responsabilidade de marido de Maria e pai adotivo do menino Jesus (cf. Mt.1:20). Depois, um anjo lhe apareceu novamente em sonho ordenando que fosse para o Egito (cf. Mt.2:13). No terceiro sonho, um anjo lhe disse que poderiam voltar para a sua terra natal (cf. Mt.2:19). Tudo isto mostra que José era alguém que tinha grande intimidade com Deus. Viver na presença de Deus é a melhor forma de um pai abençoar sua família como sacerdote do lar (Dt.6:6-10). “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Pv.9:10).
2. Um homem responsável (Lc.1:27; 2:4). José foi um homem que cumpriu todas as obrigações que a ele era imposta. Podemos observar isto, primeiramente, quando ele assume o compromisso de constituir uma família como a mulher que estava desposada (Lc.1:27), atendendo a orientação do anjo do Senhor. Em segundo lugar, José cumpriu sua obrigação civil e foi fazer o recenciamento na época e no lugar certo, mesmo diante da dificuldade de ter sua esposa grávida (Lc.2:4). Em terceiro lugar, José assumiu a paternidade pública de Jesus recebendo Maria como esposa (cf. Mt.1:24). Em quarto lugar, demonstrou ser um homem dedicado à provisão do lar, pois a Bíblia diz que ele era um carpinteiro. Isto denota que ele era um homem trabalhador e bom profissional (Mt.13:55). Em quinto lugar, deu educação a Jesus, provavelmente em casa (João 7:15-17), pois Jesus sabia ler (Lc.4:16,17) e escrever (João 8:8), além de ensinar-lhe uma profissão (cf. Mc.6:33). José cumpria muito bem o que a Bíblia ordena: “ensina a criança no caminho em que deve andar” (Pv.22:6). O exemplo com atitudes ensina muito mais que as palavras. Quando um pai dá exemplo de responsabilidade, seus filhos o seguem como referencial e mesmo que se desviem um dia se lembrarão, como aconteceu com o filho pródigo (cf. Lc.15:17).
3. Um homem obediente (Mt.1:18-25). Outra qualidade marcante do caráter de José é a sua obediência a Deus, por isso foi chamado de “justo” (Mt.1:19). Desde os lugares onde morou com sua família até cada detalhe de sua vida foram em obediência à orientação de Deus (Mt.2:13,19-23). Obedeceu à ordem de Deus em receber Maria como sua esposa e a incumbência de ser o pai adotivo de Jesus. Por um instante José foi tentado a deixar Maria (Mt.1:19), com as melhores intenções de livrar sua noiva de um castigo infame. Contudo, assim que recebeu a mensagem do anjo, obedeceu imediatamente recebendo Maria como esposa e o menino Jesus como se fosse seu (Mt.1:24). Até o nome da criança José obedeceu e colocou como mandou o anjo (Mt.1:21,25). Também, obedeceu à lei levando Jesus para ser circuncidado ao oitavo dia (cf. Lc.2:22).
Quando o pai é obediente a Deus, os filhos são obedientes ao pai. A Bíblia diz que “obedecer é melhor que sacrificar” (1Sm.15:22). Por isso é importante buscar em tudo a “boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm.12:2). Um pai sabe o que é melhor para o filho (Mt.7:9-12) e precisa ensiná-lo a ser obediente em tudo.
4. Um homem temperante. Outra qualidade marcante do caráter de José é a temperança. No período em que era noivo (desposado) com Maria, ele não teve relações íntimas com ela. Primeiro, porque era um grave pecado (Dt.22:23,24); segundo, porque era homem de bem, e obediente a Deus, "justo" (Mt.1:19). A Bíblia diz que José "não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogénito..." (Mt.1:25). Ambos foram fortes o suficiente para serem fiéis a Deus, nessa área, em que muitos não resistem nem à primeira investida do maligno.
A temperança é uma qualidade do Fruto do Espírito Santo (cf. Gl.5:22). Todo homem ou mulher de Deus não pode viver sem essa virtude. O pecado é errar o alvo, é o desequilíbrio de um ou mais instintos, e resulta daí a importância e necessidade de o cristão ser temperante, precisamente porque é através desta qualidade do fruto do Espírito que o salvo irá se precaver de pecar. José era temperante.
III. A NOBRE MISSÃO DE JOSÉ
1. Assegurar a ascendência real de Jesus. Por providência divina, Jesus foi adotado legalmente por José, que era da tribo de Judá, afim de assegurar a ascendência real de Jesus. Como dissemos no primeiro tópico desta Aula, José entrou na genealogia de Jesus, contribuindo para o cumprimento das profecias, que indicavam que o Messias viria da descendência de Davi, o qual era da tribo de Judá. Disse Deus a Davi: “Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então, farei levantar depois de ti a tua semente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre” (2Sm.7:12,160. Aliás, hoje, o único Ser descendente de Davi, que sabemos, que está vivo, é Jesus Cristo – “[...]fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! [...]” (Ap.1:18). No Apocalipse, Jesus é descrito como "o Leão da tribo de Judá", o único capaz de abrir o livro selado com sete selos (Ap.5:5). Jesus é o ascendente e o descendente de Davi (Ap.22:16); Ele é a Raiz e também a geração de Deus; Ele é Filho e também Senhor de Davi; Ele abrange toda a história.
2. Proteger Jesus em seus primeiros anos. A sociedade judaica era eminentemente patriarcal, ou seja, o pai detinha a autoridade do lar; ele era o líder espiritual e humano da família, ao lado de sua esposa. Jamais se imaginaria uma mulher dizer que tivera um filho, sem que a presença do pai fosse notória. Desta feita, Maria não teria nenhuma condição de criar Jesus, humanamente falando, sem o apoio da figura paterna. Por isso, a intervenção divina neste processo foi de tão suma importância, dando a José essa incumbência nobre de pai adotivo de Jesus. A contribuição de José à formação espiritual, moral e social de Jesus ao lado de Maria foi inestimável. Ele prestou um serviço de alta relevância perante Deus, como pai adotivo e guardião de Jesus em sua infância e adolescência. Veja alguns fatos que comprovam a responsabilidade, o amor e o zelo de José por Jesus, na sua infância, apesar de não ser seu filho biológico, e sim filho de Maria pela intervenção divina.
a) No nascimento de Jesus. Ao chegarem a Belém para o alistamento determinado pelo governo romano, José e Maria, com a criança em seu ventre, não tiveram lugar para se hospedar e tiveram que aceitar recolher-se numa estrebaria. Estando eles ali, aconteceu completarem-se-lhe os dias do menino Jesus nascer; ali, as dores do parto foram intensas e, em meio ao silêncio noturno, na companhia de José, Maria deu à luz a Jesus, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Diz assim o texto sagrado:
“E subiu da Galiléia também José, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi chamada Belém (porque era da casa e família de Davi), a fim de alistar-se com Maria, sua mulher, que estava grávida. E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz. E deu à luz o seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem” (Lc.2:4-7).
Maria, na sua condição social, não tinha uma serva a seu serviço. Naquela situação, sem dúvida, José participou dos procedimentos no parto, ajudando Maria em todos os detalhes, amparando o bebê na saída do útero materno, no corte do cordão umbilical, em sua limpeza pós-parto, no envolvimento em panos e na colocação da criança na manjedoura.
b) Nas cerimônias exigidas pela Lei. Dentre elas destacamos:
- Na circuncisão. Após ter nascido na estrebaria, Jesus, como todo judeu, em cumprimento da Lei, foi circuncidado no oitavo dia de sua vida, quando, então, lhe foi dado o nome de Jesus, em cumprimento à ordem do anjo. Diz o texto sagrado:
“E, quando os oito dias foram cumpridos para circuncidar o menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser concebido. E, cumprindo-se os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, o levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor” (Lc.2:21,22).
É interessante observar que a narrativa de Lucas mostra um menino Jesus totalmente indefeso, dependente, como toda criança recém-nascida. Em toda a narrativa, Jesus não pratica qualquer ação, é sempre o objeto das ações dos outros homens, é o que os gramáticos chamam de “paciente” (foi envolto em panos, deitado na manjedoura, visto pelos pastores, foi circuncidado e dado a ele o nome). Isto é uma demonstração de que Jesus, assim como qualquer outro recém-nascido, como qualquer outro neonato, dependia inteiramente de seus pais, José e Maria.
- No resgate da Primogenitura (Lc.2:22,23). Jesus é apresentado no Templo para resgate da Primogenitura, conforme a Lei (cf. Ex.13:2,11-16; Nm.18:15,16). O Filho Primogênito era apresentado a Deus um mês após o nascimento. A cerimônia incluía comprar de volta, ou seja, 'redimir', a criança, de Deus, por meio de uma oferta. Desta maneira, os pais reconheciam que o bebê pertencia a Deus, que é o único que tem poder de dar vida.
- Na purificação de Maria. Jesus foi levado ao templo com seus pais, a fim de que se fizesse o sacrifício relacionado à purificação de sua mãe (Lv.12:4; Lc.2:22). Por quarenta dias depois do nascimento de um filho, ou oitenta após do nascimento de uma filha, a mãe era considerada imunda; e não podiam entrar no Templo. No final desse período de separação, os pais deveriam oferecer um cordeiro em holocausto e um pombo (macho ou fêmea) como oferta pelos pecados. O sacerdote sacrificava estes animais e declarava a mulher purificada. Se um cordeiro fosse muito caro para a família, os pais poderiam ofertar dois pombos (macho ou fêmea). Isto foi o que Maria e José fizeram (Lc.2:24), numa demonstração de que José e Maria eram pobres, apesar de sua descendência real (Lv.12:8). Segundo alguns estudiosos, e também segundo o Talmude, tem-se aqui uma outra prova de que o parto de Jesus foi normal, porque só nestes casos é que havia a necessidade do sacrifício da purificação que, pela tradição judaica, é dispensado em outros casos, como o da cesariana.
Vemos, portanto, que Jesus nascia em uma família humilde, pobre, de modo que a pobreza de que nos fala o apóstolo em relação à pessoa de Jesus (2Co.8:9), também, abrange a própria condição econômico-financeira da “sagrada família”. Ao contrário do que apregoam os “teólogos da prosperidade”, Jesus não nasceu rico, mas, sim, bem humilde, tanto que seus pais ofereceram o mínimo previsto na lei para a purificação de Maria.
c) Na fuga para o Egito (Mt.2:13,14). Ante a revelação divina aos magos para que não dissessem a Herodes onde estava o menino Jesus, antes que houvesse a matança dos inocentes em Belém, Deus determinou que José tomasse o menino Jesus e sua esposa e fugissem para o Egito, e ficasse lá até o aviso de Deus para retornar. Ele fez isso prontamente. À noite, José fugiu para o Egito levando consigo o menino Jesus, talvez já com quase dois anos de idade (cf. Lc.2:16). Foi uma viagem arriscada, pois além ser durante a noite a estrada era deserta, com risco de assalto e intempérie. Diz o texto sagrado:
“E, tendo-se eles retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a José em sonhos, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te diga, porque Herodes há de procurar o menino para o matar. E, levantando-se ele, tomou o menino e sua mãe, de noite, e foi para o Egito”.
d) No retorno do Egito (Mt.2:19-21). Diz o texto sagrado: “Morto, porém, Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu, num sonho, a José, no Egito, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel, porque já estão mortos os que procuravam a morte do menino. Então, ele se levantou, e tomou o menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel”.
Jesus esteve no Egito até a morte de Herodes, quando José e Maria, novamente por revelação divina, deixaram o Egito e foram morar em Nazaré, já que José temeu retornar a Judéia, vez que ali reinava Arquelau, filho de Herodes (Mt.2:22), enquanto que, na Galiléia, onde ficava Nazaré, o governante era Herodes Antipas (20 a.C. - 39 d.C.), o mesmo que foi, certa feita, chamado de “raposa” por Jesus (Lc.13:32), que, apesar de também ser filho de Herodes, era pessoa de menor crueldade e menos apegado aos valores judaicos.
A situação simples em que vivia a “sagrada família” obrigou-a voltar a morar em Nazaré, local completamente ignorado, mesmo na Galiléia, alvo de todo tipo de preconceito (João 1:46). Nazaré era localidade que nem sequer foi objeto de menção no Antigo Testamento, nem mesmo quando houve a divisão da terra, também não tendo sido mencionada nenhuma vez por Flávio Josefo, apesar de ele ter sido governador da Galiléia. Vemos, assim, que, tanto antes, quanto depois da passagem de Jesus por este mundo, Nazaré foi sempre aviltada e desprezada enquanto lugar. Por causa disto, alguns estudiosos chegam a pensar que Nazaré seria uma aglomeração urbana irregular, uma espécie de ajuntamento de pessoas desqualificadas ou marginalizadas na sociedade, algo como os “favelões” das metrópoles atuais. Foi nesta localidade obscura que José e Maria foram habitar, levando consigo Jesus.
3. O zelo pela formação espiritual de Jesus. Como criança normal, saudável, inteligente e de família judaica, Jesus foi criado conforme os ditames da Lei de Moisés. Certamente, José e Maria cumpriam o que fora determinado quanto à educação dos filhos, com o ensino sistemático e diário das Escrituras Sagradas (cf. Dt.11:18-21). Fazia parte de sua educação conhecer e participar das festas anuais de Israel, das quais a Páscoa era a mais impactante por seu significado histórico e espiritual. José e Maria, costumeiramente, levavam Jesus a Jerusalém para essa festividade nacional. Diz o texto sagrado:
“Ora, todos os anos, iam seus pais a Jerusalém, à Festa da Páscoa. E, tendo ele já doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume do dia da festa” (Lc.2:41,42).
Este é um exemplo eloquente de um verdadeiro pai, que se faz presente na vida do filho, e que não descuida de sua educação espiritual, moral e intelectual. Se você soubesse que há um grande propósito de Deus para seu filho, como você o educaria? Com certeza da melhor forma possível. Então é o que deve fazer, porque assim como José sabia que Jesus é especial, cada criança também é importante para Deus. Não seja um pai como o mundo quer e sim como Deus ensina. Seus filhos também não são seus e sim de Deus. Se você pensar que seus filhos pertencem a Deus e que o Senhor os confiou a você para cuidar, certamente fará o melhor para eles. Eduque seus filhos para Deus!
CONCLUSÃO
José foi um servo exemplar de Deus, que cumpriu uma missão importantíssima no projeto de Deus para a redenção da humanidade. Seu papel coadjuvante não deve ser menosprezado nem diminuído.
Maria foi a escolhida para acolher a encarnação de Jesus, o Verbo que "se fez carne, e habitou entre nós" (João 1:14), porém, José foi o escolhido por Deus para ser parte integrante da sagrada família, cuidando de Maria, como esposo humilde amoroso, e de Jesus, como pai terreno, zelando pela integridade física, emocional e espiritual de Jesus, notadamente nos anos da infância e da adolescência; um exemplo eloquente de um verdadeiro pai, que se faz presente na vida do filho, e não apenas um genitor, que gera e descuida-se da vida do filho. Sem dúvida, José foi um homem de caráter exemplar, digno de imitação. Ele foi um homem santo, assim como todos os que se dedicaram ao chamado de Deus em suas vidas. Mas, assim como Maria, ele nunca reivindicou para si honras e louvores, que só pertencem a Deus.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 70. CPAD.
Pr. Elinaldo Renovato de Lima. O caráter do Cristão. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. O papado e os dogmas de Maria.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. A infância de Jesus. PortalEBD_2008.
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