domingo, 7 de agosto de 2016

Plantando vento, colhendo tempestades




Wilma Rejane


“Vocês me peguem e me joguem no mar, que ele ficará calmo. Pois eu sei que foi por minha causa que essa terrível tempestade caiu sobre vocês” Jonas 1:9

Profeta Jonas estava em meio a uma tempestade, não estava sozinho, com ele, haviam muitos tripulantes sofrendo as mesmas consequências. Aquela tempestade não era apenas um fator natural do tempo, era uma reação de Deus a desobediência de Jonas. E logo aqui aprendemos que há tempestades na vida que são igualmente consequências de desobediência a Deus, de pecados não confessados. Enquanto a tempestade acontece, Jonas dorme tranquilamente no porão do navio, até que alguém vai até ele e provoca sua consciência:

Diga: quem é o culpado de tudo isso? O que você está fazendo aqui? De onde você vem? De que país você é? Qual o seu povo? Que devemos fazer com você para o mar se acalmar?” Jonas 1: 8-11.

Jonas não tinha ideia da dimensão de seu erro até ser provocado por alguém que sofre com ele. E através dessa provocação o profeta confessa sua culpa, seu erro, e de modo nobre escolhe ser sacrificado em detrimento da salvação de uma maioria inocente que estava no navio. Grande Jonas! 

Relendo esse relato sobre Jonas compreendo mais uma vez a necessidade do arrependimento e do perdão, da importância de não menosprezar a tempestade que atinge sua família, seu País, ambiente de trabalho, enfim atinge sua vida. O que acontece “nesses barcos”, também é problema seu. 

A provocação interrogativa dirigida a Jonas é uma espécie de “exame de consciência” que muitas vezes somos levados a fazer por ocasião das tempestades. A fragilidade humana não assegura a descoberta das causas do sofrimento. Por que estamos “nessa tempestade”? A grande teia social em que vivemos faz com que direta ou indiretamente outras pessoas sejam atingidas por nossos sofrimentos. E da mesma forma, a sociedade cobra respostas: “o que devemos fazer com você para o mar se acalmar?”.


O que fazer com quem sofre? Geralmente, o sofrer humano é algo solitário. Haviam tantas pessoas no barco com Jonas, mas ninguém quis pagar o preço por (e com) ele, preferiram “se livrar” dele. “Que pague sozinho pelos seus erros”.  Claro, Jonas precisava se consertar com Deus, essa missão era dele, pois a responsabilidade do pecado é individual (Ezequiel 18: 1-32 ). Porém, na tempestade vivida por Jonas naquele barco,  fica evidente a aversão humana ao sofrimento e a necessidade de se encontrar “um bode expiatório”para tal.

Lembro do sofrimento do Cristo e de como Ele foi abandonado por seus discípulos naquela hora. Ele se sentiu tão fragilizado que interrogou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mateus 15:34). O abandono dos homens não foi relevante para Cristo que já conhecia a fraqueza da estrutura humana e sua aversão ao sofrer. Porém, se sentir abandonado por Deus corroeu sua alma de tão forma que apagou de sua mente quem era e o inabalável amor de Deus para com Ele, Seu filho.

É isso que o sofrimento faz conosco: fragiliza nossas certezas. 

O sofrimento de Jonas, assim como o de Cristo, nos ensinam muito sobre “tempestades”. É capaz que em meio ao açoite das ondas, da força das águas, nos sintamos só. É capaz que as expectativas em relação a consolo e solidariedade falhem. É possível que nos sintamos esquecidos até mesmo de Deus. Porém, todas as indicativas Bíblicas apontam que: “ Deus assiste seus filhos no sofrimento”. 

“E orou Jonas ao Senhor, seu Deus, das entranhas do peixe. E disse: Na minha angústia clamei ao Senhor, e Ele me respondeu; do ventre do inferno gritei, e tu ouviste a minha voz.”Jonas 2:1,2.

Podemos assim extrair lições práticas da história de Jonas, entre as quais:


  • Em meio a uma tempestade da vida, se estivermos afastados dos caminhos do Senhor Jesus, busquemos reconciliarmo-nos. Arrependamos-nos do pecado para encontrarmos novamente o caminho de “Nínive”, esta era a rota da bênção para Jonas.
  •  Abandonemos “o barco” que está nos levando a direção contrária dos caminhos de Deus.
  • Persistamos em fazer aquilo que alegra o Espírito Santo, nosso coração sentirá paz e nossa consciência não nos acusará.
  • Jesus pagou o preço de nossa salvação, Ele se sacrificou por nós, assim, mediante a graça Divina, nos reerguemos diante de Deus. É Ele que nos levanta.
  • Lembremos: Deus não esqueceu de nós.
  • A responsabilidade pelo pecado é individual, as consequências são coletivas.
  • Nem toda tempestade é consequência do pecado (vide Jó e Cristo)
  • Por último: as tempestades da vida podem não representar um fim, mas novos começos permeados pela realização de um futuro marcado pelo sucesso. E sucesso aqui não significa fama, mas alegria a paz na presença de Deus e dos homens.


Deus o abençoe.

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