O LÍDER CRESCE E AJUDA A CRESCER
Texto Base: 1Timóteo 4:10-14.
Subsídio para a lição 06 – EBD – EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTINUADA
"Não te faças negligente para com o dom que há em ti..." (1Tm 4.14)
INTRODUÇÃO
O tema desta Aula versa sobre compartilhar a liderança em termos de ajudar as pessoas a crescerem e a se desenvolverem. Um líder servidor e inspirador busca constantemente por oportunidades de cuidar e encorajar os outros, assistindo seus liderados em sua jornada pessoal, profissional e espiritual. Muitos líderes, incertos acerca de sua própria posição e temerosos que alguém esteja trabalhando para tomar seu cargo de liderança, concentram o foco sobre o que outras pessoas podem fazer para exaltar sua própria imagem. Muitos de forma egoísta dizem: “seu trabalho é fazer com que eu apareça bem”. Mas será que essa forma de pensar egoísta contribui para maximizar o desempenho de todos? É possível tornar-se grande ajudando outros também a crescer? Paulo, um dos principais líderes da igreja primitiva alertou os seus seguidores sobre este modo de pensar egoísta: "Ninguém deve buscar os seus próprios interesses e sim os interesses dos outros” (1Co 10:24). Sem dúvida, este é mais do que um ideal nobre e deveria realmente ser um dos objetivos principais de um líder. Escrevendo aos cristãos de Filipos, Paulo também assim os advertiu: "Não façam nada por interesse pessoal ou por desejos tolos de receber elogios; mas sejam humildes e considerem os outros superiores a vocês mesmos. Que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros" (Fp 2:3,4). O apóstolo Pedro também fez eco a essas convicções de Paulo, quando ofereceu esta admoestação: "Portanto, sejam humildes debaixo da poderosa mão de Deus para que Ele os honre no tempo certo" (1Pe 5:6). Em outras palavras, se você deseja se tornar um grande líder, procure maneiras de servir e exaltar os que estão ao seu redor. Em outras palavras, cresça ajudando a outros a crescerem. Esse é o perfil de um líder inspirador e influenciador.
I. CRESCIMENTO DO LÍDER
A melhor maneira de um líder desenvolver suas próprias habilidades consiste em começar imediatamente a ajudar outras pessoas a desenvolverem as suas capacidades para liderar. Assim procedeu o apóstolo Paulo. Depois de estar maduro espiritualmente e plenamente capacitado para exercer o oficio de liderança na obra de Deus, agora motiva outros obreiros a se capacitarem para este mesmo ofício, e que estes também assim procedam. Ele recomenda a Timoteo: “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros”(2Tm 2:2). Aqui Paulo lembrou a Timóteo de que o seu papel essencial como um guardião significava garantir que estas grandes verdades fossem confiadas “a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros”.
Como bem diz o pr. Benjamin Ângelo de Souza, “numa liderança espiritual eficaz é vital reconhecer a importância do fundamento da vocação e chamada de Deus em nossas próprias vidas e nas vidas de outros, de modo a desenvolver as nossas próprias habilidades e ajudar os outros a desenvolverem as suas”. Quando um líder deixa de reconhecer os contributos dos irmãos, apenas se debilita a si mesmo.
1. Escolha. Na escolha de alguém para investir no seu crescimento, o líder cristão não deve ater-se simplesmente em suas habilidades e capacidade de trabalho, e decisão. Mas deve, sobretudo, atentar para o seu caráter(Gl 5:22), considerando sua vocação e chamada de Deus. Na liderança cristã deve sobressair a consciência de que é uma obra para Deus, envolvendo o povo de Deus, e que deve ser feita na dependência de Deus.
Seria muito exitoso se todos os líderes tivessem uma orientação direta e explicita de Jesus na escolha de futuros lideres, como ocorreu com Saulo - “Disse-lhe, porém, o Senhor: “Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel” (Atos 9:15). Outro nome que não podemos deixar de fazer menção é o de Josué(sucessor de Moisés). Foi o próprio Deus quem o escolhera para ser o novo líder do povo de Israel: “E ordenou o Senhor a Josué, filho de Num, dizendo: sê forte e corajoso, porque tu introduzirás os filhos de Israel na terra que, com juramento, lhes prometi; e eu serei contigo”(Dt 31:23). Muitos anos antes de substituir Moisés como líder de Israel, Josué demonstrou ser um homem de fé, visão, coragem, lealdade, obediência inconteste, oração e dedicação a Deus e à sua Palavra. Quando foi escolhido para substituir Moisés, já era um homem “em que há o Espírito”(Nm 27:18; Dt 34:9). Esse é o pré-requisito principal para escolher um líder: um homem “em que ha o Espírito Santo”. Temos seguido esse princípio? Ou nos afeiçoamos à síndrome de Samuel –olhar para aparência?
“Aquele que é líder, e exerce liderança espiritual, confia em Deus, obedece aos Seus mandamentos, procura compreender qual é a vontade de Deus e anda nela, tem uma dependência em Deus. A liderança espiritual é dada por Deus, por meio do Espírito Santo àqueles que Ele acha por bem designar. O homem não escolhe, mas atende ao chamado de Deus, por isso é uma tarefa celeste”(Pr. Cleverson de Abreu Faria).
2. Desenvolvimento. “A maior habilidade de um líder é desenvolver qualidades extraordinárias em pessoas comuns” (Abraham Lincoln). Um líder inspirador está constantemente a aprender e a crescer, e também a ajudar outras pessoas a aprender e crescer. Ele prepara os liderados para que também se tornem lideres e que acima de tudo saibam que quanto maior o poder mais a humildade é necessária. A sua principal missão é desenvolver pessoas da sua equipe e garantir que no futuro elas possam ser independentes e mais confiantes. Sempre cônscio de que, além de professor, ele é também um aluno. Aliás, um bom professor prepara os alunos para o dia a dia e não para a prova final. Através das suas histórias é capaz de inspirar e motivar um aprendizado para toda a vida.
Paulo envolveu-se diretamente no desenvolvimento espiritual e no aprimoramento do caráter de Timóteo, reconhecendo que um dia esse jovem também seria um líder. Paulo instruiu a Timóteo acerca de alguns deveres pastorais: viver uma vida santa(1Tm 4:12), permanecer receptivo à operação e dons do Espírito (1Tm 4:14), ensinar a sã doutrina (1Tm 4:13,15,16), guardar a fé (1Tm 6:20; 2Tm 1:13,14) e vigiar sua própria vida espiritual (1Tm 4:16).
Timóteo foi ensinado sobre estas admiráveis verdades que asseguram que os bons líderes permanecem abertos a serem instruídos, ao mesmo tempo que se preocupam com o desenvolvimento dos seus liderados. Paulo pede que Timóteo transmita isso que apreendeu para que outros aprendam e venham, também, ensinarem a outros - “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros”(2Tm 2:2). Aqui mostra que Timóteo deveria manter o processo de ensino em andamento.
O apóstolo requer que os lideres tenham um programa para o desenvolvimento de novos líderes que possam dar continuidade ao ministério. A partir de Paulo, tem havido uma ligação de discípulo a discípulo, de geração a geração. Precisamos manter esta ligação intacta. Paulo estava dizendo a Timóteo que transmitisse o que já tinha sido provado como verdadeiro e confirmado por “muitas testemunhas” confiáveis.
Se a igreja de hoje seguisse constantemente o conselho de Paulo, nunca deixaria de existir lideres habilitados e compromissados com a obra do Senhor, e, por conseguinte, haveria uma transmissão incrível do Evangelho, quando os crentes bem instruídos ensinassem a outros e os encarregassem, por sua vez, de ensinar outros. Os discípulos precisam estar capacitados a transmitir a sua fé; os novos crentes também precisam ser ensinados a fazer discípulos.
3. Influência. É dito que qualquer pessoa que consegue influenciar alguém a realizar alguma coisa, consegue liderar tal pessoa. Com isso, pode-se dizer que quem lidera influencia pessoas à sua volta. Sabe que está no comando e que este comando foi-lhe outorgado por Deus. A capacidade de envolver as pessoas em projetos, trabalhos e fazer com que elas cheguem ao fim desejado é uma forma adequada de influenciar. Agora, ele não deve de forma alguma incidir uma influência forçada. Isso deve ser natural. Ele é alguém que vê as necessidades das outras pessoas. Está sensível para com elas. Com isso, procura, na maneira do possível, ajudá-las a superar os seus obstáculos. Deve demonstrar um amor genuíno, como um amor de pai para filho. Afinal de contas, eles são o rebanho que Deus lhe confiou nas mãos e que um dia prestará contas disso.
O líder deve procurar influenciar o povo de Deus a buscar cumprir os intentos de Deus. é claro que o maior impacto, a maior influência que o líder de Deus pode exercer na vida de uma outra pessoa é a da transformação. Transformar a vida de outros é um grande prazer para o líder, sobretudo porque ele vê o seu suor sendo frutificado. Verifica a Pessoa de Cristo sendo formada na vida de um liderado seu. Com certeza, uma tarefa gratificante. As maiores mudanças que ocorrem na vida de uma pessoa são exercidas mediante aquele a quem ela tem maior contato.“Os grandes líderes influenciam-nos a ir a lugares que nunca iríamos por conta própria e a fazermos coisas de que nunca tínhamos pensado que fôssemos capazes”
II. AUXÍLIO NO CRESCIMENTO
Uma das formas de estar em contínuo crescimento é auxiliar outras pessoas a crescerem, mesmo que essas pessoas venham a assumir ministérios ou posições maiores do que a sua. André é pouco lembrado na Bíblia, mas foi ele quem convidou Pedro a ir ter com Jesus (João 1:41,42). De forma semelhante, foi Barnabé quem reconheceu que Paulo fora escolhido para uma grande obra e o apresentou aos apóstolos, testemunhando que o mesmo pregava ousadamente no nome de Jesus (At 9:27). Paulo aplica o mesmo ensino recebido, na sua relação com o jovem Timóteo, influindo no crescimento e amadurecimento de seu potencial (At 16:3). Igualmente, requereu de Timoteo que levasse avante esse princípio (2Tm 2:2)(orientação pedagógica – revista do professor).
1. Potencialidades. “Liderança é a capacidade de reconhecer as habilidades especiais e as limitações dos outros, associada à capacidade de introduzir cada um dentro do serviço que desempenhará melhor”(FINZEL, Hans. Dez Erros que um Líder Não Pode Cometer. São Paulo: Edições Vida Nova, 1999, p.90).
Tomar consciência da vocação e chamada de Deus na vida de outra pessoa é o primeiro passo para ajudá-la a desenvolver suas habilidades. Paulo reconheceu habilidades especiais em Timoteo. Por isso disse: “Por este motivo, te lembro que despertes o dom de Deus, que existe em ti pela imposição das minhas mãos” (2Tm 1:6). Na época de sua consagração, Timóteo tinha recebido um dom especial do Espírito Santo para capacitá-lo a servir à Igreja (1Tm 4:14). Esse dom era muito provavelmente o dom do ministério, uma graça especial de Deus para realizar a obra cristã. 2Tm 2:7 apóia esta ideia.
Em lugar de pedir a Timóteo que reacendesse um fogo apagado, Paulo o estava incentivando a atiçar um fogo que já estava aceso, para mantê-lo ardendo. Timóteo não precisava de novas revelações ou novos dons; ele precisava apenas “atiçar” o dom da liderança que já tinha recebido. Quando Timóteo usasse este dom, o Espírito Santo estaria com ele e lhe daria poder. Deus nunca nos dá uma tarefa sem nos capacitar para realizá-la.
2. Comportamentos. O líder deve ajudar as pessoas a compreenderem exatamente o que se requer e se espera da parte delas, explicando as atitudes e comportamentos adequados, não somente com palavras, mas principalmente com atitudes e ações. Foi isso que Paulo aconselhou a Timóteo: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem”(1Tm 4:16). Paulo aconselhou Timóteo a ter “cuidado” da sua vida privada e do seu ministério publico na igreja – a sã doutrina. A sua conduta nas duas áreas deveria estar acima de qualquer reprovação. Se ele permanecesse no que era correto, isto seria benéfico para ele e para todos os demais. O seu exemplo iria facilitar a salvação dos seus ouvintes. Esse princípio é atemporal, portanto, plenamente aplicável hoje.
3. Credibilidade. Líderes autoritários não desenvolvem credibilidade diante de outros crentes, nem confiança da parte deles ou da parte do Senhor, apenas debilitam sua própria posição. A humildade deve ser uma característica importante quando se estar na posição de liderança. Pois aquele que é humilde está livre do temível orgulho, bem como da arrogância. A humildade traz serenidade e equilíbrio ao líder. No entanto, a pessoa humilde sabe quais são suas qualidades, seus dons, seus talentos. Ser humilde faz com que nos coloquemos em lugar inferior ao que mereço. Cristo demonstrou isso ao lavar os pés dos discípulos (João 13:1-11).
“A humildade é importante para o líder porque as pessoas seguem mais entusiasticamente aquele cuja motivação não é servir-se a si mesmo. Se todos os outros fatores forem iguais, o líder humilde está mais perto de alcançar seus objetivos. Por quê? Porque seu objetivo é beneficiar a todo o grupo, e não o seu engrandecimento pessoal. A alegria do líder humilde provém de ver o grupo caminhar no sentido de atender às reais necessidades do grupo. a liderança que não possui essa qualidade, essa expressão de amor, inevitavelmente perde a credibilidade”( HAGGAI, John. Seja um Líder de Verdade: Liderança que permanece para um mundo em transformação. Venda Nova, MG.: Editora Betânia, 1990, p.98,99).
III. BARNABÉ, O EXEMPLO
Barnabé foi um dos personagens destacados da comunidade cristã primitiva. Era judeu, de uma família de sacerdotes, da tribo de Levi e natural de Chipre, uma ilha do mediterrâneo (At 9:36). Segundo o testemunho de Lucas, "era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé" (At 11:24). Certamente em decorrência disso foi enviado de Jerusalém a Antioquia para cuidar da igreja ali recém-formada (At 11:22). De Antioquia foi designado, juntamente com Paulo, para um empreendimento missionário entre os gentios - a primeira viagem missionária de Paulo (At 13:1-3).
Seu nome judeu era José. Para ressaltar uma característica peculiar, os apóstolos chamavam-no Barnabé (At 4:36), interpretado por Lucas como filho da exortação (ou consolação). Barnabé foi um tipo de consolador, um exortador, um paracleto (chamado para o lado de outro a fim de ajudá-lo). Vaie salientar que “parakletos” é um título que Jesus dá ao Espírito Santo no Evangelho de João.
O líder que cresce e faz crescer tem MARCAS. Barnabé, como filho da consolação, se coloca ao lado de outros com o fim de ajudá-los, apresentando as seguintes marcas: generosidade, discipulador e zelo pela sã doutrina.
1. Barnabé – a marca da generosidade. A marca da generosidade é uma das mais importantes dentre aquelas que foram responsáveis por tornar a comunidade cristã primitiva rigorosamente singular em sua época (At 4:34,35; 2:44,45). A exemplo disso, a narrativa de Lucas apresenta Barnabé como aquele individuo que se pôs ao lado do necessitado: “como tivesse um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos” (At 4:37).
2. Barnabé – a marca do discipulador. Discipular nada mais é que ensinar a Palavra de Deus aos novos convertidos, àqueles que aceitaram a Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador de suas vidas e fazer com que eles, que foram escolhidos por Deus, possam viver de tal maneira que deem o fruto do Espírito, ou seja, tenham um novo caráter, uma nova maneira de viver que leve as pessoas a glorificar ao nosso Pai que está nos céus, ou seja, vivam de tal maneira que suas ações os transformem em testemunhas de Jesus, em prova de que Jesus salva e, por isso, outras pessoas reconheçam o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, ou seja, o Evangelho (Rm 1:16).
Barnabé foi um discipulador de estirpe admirável. Por isso e para isso foi enviado a Antioquia (At 11:19-24) e, também lá, foi reconhecido como tal (At 13:1). Ele é o tipo de líder que cresce e ajuda a crescer.
Apresentamos, a seguir, três altruístas características do seu ministério discipulador:
a) O interesse desmedido pelo discípulo. O interesse desmedido de Barnabé aparece primeiramente quando Paulo sofre rejeição da igreja de Jerusalém por parecer suspeito (At 9:26,27). O fato é que Paulo saiu de Jerusalém com a missão de perseguir os cristãos e, após algum tempo, retornou alegando ser cristão. Provavelmente essa alegação foi interpretada como uma nova estratégia de perseguição. No entanto Barnabé, numa atitude corajosa e arriscada, colocou-se ao lado de Paulo para, como advogado, justificá-lo perante os apóstolos - “E, quando Saulo chegou a Jerusalém, procurava ajuntar-se aos discípulos, mas todos o temiam, não crendo que fosse discípulo. Então Barnabé, tomando-o consigo, o trouxe aos apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira ao Senhor e lhe falara, e como em Damasco falara ousadamente no nome de Jesus. E andava com eles em Jerusalém, entrando e saindo” (Atos 9:26-28).
Depois disso, Paulo viajou para Tarso (At 9:30) e, ao surgir uma comunidade em Antioquia (At 11:19-21), Barnabé foi enviado para assisti-la (At 11:22). De Antioquia, Barnabé dirigiu-se a Tarso em busca de Paulo para juntos servirem ao Senhor na igreja gentílica de Antioquia (At 11:25,26).
O interesse de Barnabé por Paulo é claro, e mostra que enxergava valor onde todos negavam. É uma visão idêntica à de Jesus, que viu num brutal perseguidor de Sua Igreja um vaso de honra a Seu nome (At 9:15,16).
Quantas pessoas há em nosso meio cujo potencial é grande e inexplorado! É necessário que haja visionários cristãos do tipo de Barnabé, capazes de transformar quem está no anonimato em grandes vultos.
b) Humildade face à projeção do discípulo. O líder que cresce e ajuda a crescer não se inquieta ao ver o seu discípulo crescer mais do que ele. Barnabé chamou Paulo para ajudar a igreja em Antioquia da Síria, reconhecendo os dons do apóstolo. Ele estava tão dominado por uma consciência de Reino que a humildade se tornou um dos pontos mais salientes em seu ministério de discipulado. Naquela ocasião, Paulo já possuía uma década de experiência crista e ministerial.
Mas a força e a sabedoria de Paulo nunca o tornaram um rival de Barnabé. Pelo contrário. Por essas virtudes, Barnabé viu nele um companheiro necessário para o sucesso de seu ministério.
Quando os dois foram enviados pela igreja de Antioquia para uma viagem missionária (At 13:1), logo se notou a projeção de Paulo. Ele realizou milagre (At 13:8-12) e fez discurso (At 13:16-41). Segundo Lucas, Paulo foi crescendo, e seu mestre diminuindo. Não se vê vestígio de inquietude em Barnabé por causa da ascensão de Paulo. O conflito que os separou teve outra razão.
A atitude de Barnabé em relação ao discípulo é como a de João Batista em relação a Jesus: “convém que ele cresça, e que eu diminua” (João 3:30). Essa visão de Reino o situa além dos seus interesses pessoais e os do discípulo: “importa abençoar os homens e glorificar a Deus”. Nas palavras de Paulo: “nada fazer por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo” (Fp 2:3).
Que tenhamos essa visão de Barnabé par que a igreja de Jesus seja o palco da bênção dos homens e da glória de Deus, e nunca palco de rivalidade e glória humanas!
c) Exerce misericórdia e paciência no momento de fraqueza do discípulo (At 15:36-41). O líder que cresce e ajuda a crescer estar sempre disposto a dar uma segunda chance a alguém na igreja que falhou.
Barnabé e Paulo haviam concluído a primeira viagem missionária. Quando planejavam a segunda viagem, surgiu um conflito entre os dois que resultou em separação. O falo é que Barnabé insistiu em levar João Marcos (At 15:37). Paulo resistiu fortemente a essa decisão, com a alegação de que João Marcos era desertor (At 15:38). Paulo relembrou o episódio ocorrido em Perge da Panfília quando João Marcos os abandonou durante a primeira viagem (At 13:13). Ambos mantiveram-se irredutíveis em suas opiniões, a ponto de se separarem. Barnabé e João Marcos foram para um lado, enquanto Paulo e Silas foram para outro (At 15:40-41).
Ao rejeitar a companhia de Marcos, Paulo lhe negou uma segunda chance. Assim, Paulo quebrou a parceria com seu companheiro, visto que, por sua característica peculiar de consolador, Barnabé não se negou a oferecer uma nova oportunidade a quem havia tropeçado. Como Jesus Cristo, Barnabé não esmagou o caniço quebrado e não apagou a mecha que fumegava (Mt 12:20).
Exercer misericórdia é um princípio indiscutivelmente válido, tal como Barnabé fez com Marcos. Pela misericórdia, Barnabé transformou um inútil (At 15:38) em alguém “muito útil ao ministério” (2Tm 4.11). Estaríamos dispostos a dar uma segunda chance a alguém na igreja que falhou?
3. Barnabé – a marca do Zelo pela sã doutrina (At 15). O líder que cresce e ajuda a crescer zela pelo bem-estar de suas ovelhas, por isso preocupa-se com a sã doutrina.
A maioria dos primeiros crentes na igreja primitiva era composta de judeus, mas depois muitos gentios foram convertidos, especialmente de Antioquia. Alguns homens vieram de Jerusalém a Antioquia ensinar que a circuncisão era essencial para a salvação (At 15:11), um ensino que Paulo e Barnabé contestavam. A igreja em Antioquia decidiu que a disputa tinha de ser resolvida em Jerusalém. Mandou uma delegação para lá, chefiada por Barnabé e Paulo, para se encontrar com os líderes de Jerusalém. Após muito debate, Pedro usou a palavra e explicou: “cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram“ (At 15:11). No Concílio em Jerusalém (c. 49 d.C.) Paulo e Barnabé defenderam a tese (At 15:12) de que a circuncisão não era necessária para a salvação. Após ouvi-los, Tiago deu o seu parecer (At 15:19,20). Paulo, Barnabé e os outros voltaram para Antioquia onde foi lida a carta do Concílio para a alegria de toda a igreja. Em Atos 15:15,26, vemos o alto conceito e estima que os lideres de Jerusalém dispensaram a Barnabé e Paulo chamando-os “os nossos amados Barnabé e Paulo”, homens que têm exposto a vida pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo”.
Vemos nesse incidente o cuidado pelo bem-estar de suas ovelhas e a preocupação de Barnabé com a sã doutrina. Ele se mostrou um homem sábio e espiritual. Quantas vezes, hoje em dia, faltam sabedoria e coragem para resolver os problemas que surgem no meio da igreja.
Por tudo que foi exposto, podemos afirmar que Barnabé é da natureza de dispor a si para o crescimento do próximo com indizível interesse, profunda humildade e incansável perseverança. Enfim, ele usou sua vida para abençoar os homens e glorificar a Deus. Que Deus nos dê a graça de imitar a Barnabé.
CONCLUSÃO
“Se o líder não treinar novos líderes, inspirando-os e ajudando-os a desenvolver o seu potencial, não deixará nenhum legado à próxima geração. Se aquilo que realizou acabar com a sua saída, sua obra se perde. A liderança só vale a pena quando líderes crescem e ajudam outras pessoas a crescerem”.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal, CPAD.
Princípios para uma boa liderança - Pr. Cleverson de Abreu Faria.
Gente que Fez! (personagens do Novo Testamento) – Editora Cristã Evangélica.
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