segunda-feira, 25 de junho de 2012

Estudos biblicos Atosdois


O A DIVINA ALIANÇA 
Tipo: Esboços para pregar / Autor: Pr. Rodrigo Gonçalves



Êxodo – Capítulo 19

O capítulo inicia fornecendo um dado histórico sobre a época da aliança “no terceiro mês da saída do povo de Israel da terra do Egito”. Este período em nosso calendário corresponde aos dias entre meados de maio e junho. Devemos observar que a aliança não foi proposta imediatamente após a saída do Egito, mas que houve um tempo, uma preparação a nível nacional para que o pacto fosse revelado. Os Judeus comparam este prazo inicial com o prazo de 3 meses em que a mulher convertida ao judaísmo leva para ter o direito de se casar com um israelita. O povo havia passado por uma situação de escravidão, de sofrimento, de dor e em seguida por uma reviravolta em suas vidas através de livramentos e intervenções sobrenaturais pela revelação, cuidado e pelo maior conhecimento de Deus.
 
A dependência de Deus nos prepara para termos um maior e melhor relacionamento com Ele, pois nos tornamos mais sensíveis ao zelo de Deus para conosco ao ponto de desejarmos conhecê-lo cada vez mais e fazer sua vontade.
 
No deserto, os israelitas estiveram na total dependência de Deus e puderam conhecer um pouco mais d’aquele que os livrara do Egito.
Segundo o historiador Flávio Josefo, o monte Sinai é um monte que supera de longe a todos os outros das províncias vizinhas e um lugar de difícil acesso, por conter rochedos escarpados para todos os lados. É um monte temido e respeitado pelos hebreus pela crença de que Deus mora lá.
É no Sinai que Deus se manifesta e se relaciona com o povo através de Moisés. A aliança é proposta (não imposta) sob a forma de um tratado de suserania da época, um tratado entre um rei poderoso e seus vassalos. Um tratado típico continha um preâmbulo (v.3), uma introdução histórica com ênfase na benevolência do rei (v.4), obrigações específicas dos vassalos, testemunhas do tratado e uma lista de consequências da violação ou obediência ao tratado (i.e. maldições e bênçãos).
Semelhantemente acontece em nossos dias. Deus, através de um servo seu, não nos impõe, mas nos propõe uma aliança com Ele. Pela sua graça e misericórdia demonstra sua benevolência no fato de que Cristo morreu por nós sendo nós ainda pecadores. Nossos direitos e obrigações para com Ele estão pautados em sua palavra e através dela aprendemos como nos relacionar com Deus e consequentemente temos o conhecimento das bênçãos e maldições advindas da obediência e desobediência.
Quando Deus chama a Moisés, Ele diz: “ Assim falarás à casa de Jacó, e anunciarás aos filhos de Israel” . Embora pareça uma redundância, existe diferença entre “Casa de Jacó, e “Filhos de Israel” . Segundo uma interessante interpretação de um famoso exegeta Judeu chamado Rashi, “Casa de Jacó” quer dizer as senhoras, as mães e esposas. Deus quis que as primeiras palavras de Moisés fossem dirigidas com muito tato , delicadeza e habilidade às mães e às esposas, pois Deus sabia perfeitamente ser a mãe quem cuida da educação dos filhos; é ela, pelo constante convívio com os filhos, quem orienta a formação moral do seu caráter; é a mãe quem dá ao seu lar o sentido de harmonia, de carinho e de cultura. Para os judeus, Beiti Zu Ishti, minha casa é minha esposa. Somente a mulher virtuosa, à qual Salomão dedicou o 31º capítulo dos seus famosos Provérbios , só ela é dotada desse Dom natural de fixar e dotar seus filhos de amor e respeito por idéias nobres, capazes de fazer de indivíduos educados uma sociedade instruída e culta.
É interessante verificarmos que Deus atribui à família a responsabilidade de transmitir, ensinar, manter e praticar seus ensinamentos. O líder (Moisés) é responsável apenas por divulgar às famílias o desejo de Deus para com o povo.
Muitas pessoas, hoje em dia, atribuem a responsabilidade do ensino bíblico à igreja e procuram fugir de suas atribuições lançando sobre o Pastor esta incumbência. Observamos que quando os filhos por algum motivo se afastam de Deus os pais ficam se perguntando aonde erraram visto que criaram seus filhos “na igreja”. Talvez seu único erro seja tê-los criados na igreja e não na família como nos mostra o livro de provérbios quando diz para ensinarmos o menino no caminho em que deve andar.
Segundo Josefo a proposta da aliança “é a prescrição da maneira de viver mais feliz que se possa imaginar”. Por meio de um pacto solene, Israel se depara com a possibilidade de se tornar uma nação santa, separada de todas as outras; propriedade exclusiva e peculiar do próprio Deus. Santo Agostinho nos diz que fomos criados para Deus e que a nossa alma não descansará enquanto não retornarmos para Ele. É esse “descanso de alma”, esse “preenchimento” do vazio causado pelo pecado que Deus estava propondo e somente a aceitação desta proposta tornaria aqueles homens completos novamente.
A mesma proposta feita a Israel e trazida a nós pela nova aliança em Cristo Jesus. Através de Cristo nos tornamos propriedade exclusiva de Deus e podemos verdadeiramente compreender que a vida mais feliz que poderíamos imaginar é ser concêntricos em relação à sua perfeita vontade.
Por meio de um pacto solene, Israel foi feito uma nação sacerdotal – separada de todas as nações, a fim de ser instruída na verdade divina é, finalmente, levar luz a todas as nações.
O sacerdote é aquele que têm a função de representar e apresentar o povo diante de Deus. Israel foi a nação escolhida para trazer todos os povos à presença de Deus e ensiná-las na verdade divina e não para se isolar do restante do mundo como se fosse detentora do próprio Deus. A Igreja, hoje, tem o privilégio de desempenhar o mesmo papel de Israel em tempos veterotestamentários. Não deve cair no mesmo erro se isolando, se enterrando no legalismo e se achando proprietária de Deus. Deus é para todos e a igreja deve ser luz para que todos vejam e considerem o que Deus pode fazer pelo homem através de Cristo Jesus.
A forma como Israel percebe o relacionamento com Deus se divide em antes e depois da Lei dada no Sinai. O primeiro momento é identificado no verso 8 onde o povo promete Fazer o que Deus dissesse a Moisés. Este é o momento mecânico onde o ritual, o “fazer”, o “cumprir” ordens está em evidência como se a interação do homem com Deus fosse meramente uma Lei, um modo de vida que envolve exclusivamente ação e não uma maneira de vivenciar a fé.
O segundo momento só é verificado após o conhecimento da Lei em Êxodo 24:7 (momento dinâmico) onde o povo percebe que Deus não quer apenas ditar ordens mas quer interagir com eles. Nessa fase, Israel não se compromete apenas em fazer mas em ouvir e obedecer a Deus e, consequentemente atender não à ordem de uma letra morta mas, sim, à palavra do Deus vivo.
O tempo passou mas a visão do homem em relação a Deus continua a mesma. Os dois momentos (mecânico e dinâmico) continuam a existir na maneira de perceber ao Senhor.
Os dois momentos agora se dividem em antes e depois de Cristo e podem ser percebidos nitidamente.
 
Antes de reconhecer a Cristo como Salvador o homem têm o conceito mecânico de que Deus está lá em cima só ditando ordens e vendo tudo acontecer. Após sua conversão o homem percebe que Deus é pessoal e que se preocupa, cuida e interage com ele (momento dinâmico).
Segundo comentário encontrado na Bíblia anotada, eram necessárias três coisas para que o povo estivesse pronto para a aparição de Deus: purificação do corpo e das vestes (v. 10), confinamento do povo ao acampamento, através da colocação de barreiras a volta do monte (vv. 12-13, cf. v.21), e abstinência das relações sexuais (v.15).
Josefo diz que neste período eles estavam cheios de esperança nos favores que lhes havia prometido obter de Deus. Separaram-se por 3 dias de suas mulheres que por sua vez vestiram-se com seus filhos melhor que de costume e fizeram festas acompanhadas de banquetes e orações para que Deus recebesse bem a Moisés e enviasse, por seu intermédio, a graça que Moisés os havia feito esperar.
A presença de Deus exige a diferenciação entre o povo que o segue e os demais. Não se pode seguir a Deus com práticas que estejam em desacordo com Ele. A palavra hebraica “Kadosh” significa santo, separado. A Igreja de Jesus deve refletir a Jesus, deve ser separada mas ao mesmo tempo contextualizada.
É interessante observamos que existia uma grande separação e distanciamento entre Deus e o povo. Moisés foi o mediador entre Deus e os hebreus e a lei foi a ponte que uniu o homem e o Senhor. Traçando um paralelo com a situação em que se encontra a humanidade, podemos verificar que o homem encontra-se distante de Deus e o próprio Deus na pessoa de Jesus Cristo é o mediador. A graça salvadora de Cristo permite que o homem se reconcilie com seu criador e volte a viver para Ele.
A aliança entre Deus e o homem é uma mistura de Lei e graça. Ela traz o homem é uma mistura de Lei e graça. Ela traz o homem para perto de Deus e Deus para perto do homem. Ela, repreende, exorta, ensina e santifica. O homem não merece mas recebe e aquele que a recebe pode vivenciar a maravilhosa experiência de ser propriedade exclusiva de Deus.


Shalom Adonai !!!

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